Publicado em Feb. 21, 2018, 3:25 p.m.
No contexto da problemática sistêmica que envolve as comunidades indígenas na luta pelo acesso a direitos básicos, como terra, alimentação, educação e saúde, e o bioma Cerrado na luta contra sua destruição e degradação, há ainda a ameaça potencial da perda das tradições. Esses são alguns dos desafios enfrentados por diversas etnias indígenas, como é o caso dos Krahô (TO). O território tem sofrido queimadas e entrada de invasores com práticas que ameaçam o Cerrado e o bom uso dos recursos florestais que garantem a sobrevivência da fauna, flora, água, solo, clima, biodiversidade.
No caso das práticas artesanais da comunidade, essas podem se perder nos próximos anos se os jovens não se apropriarem desses processos, o que é importante cultural, econômica e politicamente. Além disso, falta estrutura coletiva adequada que possibilite uma prática de produção e comercialização mais justa e eficiente. Muitas mulheres coletam e produzem de forma individual, em suas casas, com instrumentos rudimentares. Outro desafio enfrentado diz respeito à comercialização que, em geral, ocorre na lógica injusta das práticas convencionais pouco transparentes, dependendo de atravessadores e sujeitos à lógica da consignação, por exemplo.
Um processo mais coletivo e solidário de coleta e produção, com equipamentos e estrutura física adequados, pode garantir produção mais qualificada e maior, além do envolvimento de toda a comunidade potencialmente produtiva, aprimorando o equilíbrio de gênero na governança da comunidade.
Em virtude dessa situação, a proposta executada pela Associação do Povo Indígena Krahô-Kanela –APOINKK, busca valorizar a cultura Krahô, a fim de perpetuar saberes tradicionais e fortalecer a cadeia produtiva do seu artesanato, feito com recursos da sociobiodiversidade e por meio de práticas de manejo florestal responsável, bem como monitorar o território, contribuindo para a preservação do Cerrado.
A Associação do Povo Indígena Krahô-Kanela –APOINKK tem sede na aldeia Lankaré, situada na Terra Indígena Krahô-Kanela Mata Alagada, entre os rios Formoso e Javaé, no município de Lagoa da Confusão –Tocantins. A APOINKK tem atuado com projeto de valorização do artesanato, de revitalização da língua e da cultura indígena e, desde 2011, tem atuado na fiscalização do território Krahô-Kanela.
O projeto é realizado na Terra Indígena (TI) Kraholândia, localizada no Nordeste do Estado do Tocantins, município de Itacajá, a 295 km de Palmas. A TI é constituída por 29 aldeias, sendo que as principais atividades acontecerão na Aldeia Manoel Alves, em Itacajá.
Resultados esperados: Organização da produção do artesanato Krahô; Realização de monitoramento do território; Monitoramento e gestão operacional.
Recurso e duração do projeto: O projeto tem orçamento de R$ 195.000,00 e duração de 24 meses.
Janela: Gestão de Recursos Naturais