Publicado em May 27, 2024, 6:56 p.m.
O Aquilombar, que neste ano foi sua segunda edição, foi realizado no dia 16 de maio de 2024, no espaço da Funarte em Brasília – DF e reuniu milhares de quilombolas de diversos cantos do Brasil. O evento que foi organizado pela CONAQ, que é Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas, teve como tema “Ancestralizando o Futuro”.
A programação iniciou logo cedo com a alvorada de chegada das delegações e mística, com apresentação das caravanas. Em seguida, teve a mesa de abertura com a presença dos ministérios da cultura, Fundação Palmares, justiça e igauldade racial e demais representantes de ministérios do governo.
Mesa de abertura com diversos representes de ministérios do governo. (Fotos: Valdir Dias - Comunicação do CAA-NM e DGM Brasil)
Durante a mesa de abertura, os representantes, majoritariamente, colocaram seus ministérios à disposicião para apoiar as pautas que sempre vêm sendo colocadas pelos povos quilombolas, sendo que a mais desajadas delas é a demarcação de território.
A Ministra da Cultura do Brasil, Margareth Menezes, fez referência à uma matéria que foi publicada recentemente sobre o processo de lentidão das demarcações de territórios e que, ao fazermos a contagem, no ritmo que está acontecendo, duraria dois mil e sete anos para conseguirmos dar as legalizações de todas as terras quilombolas do Brasil, que estão com pedidos no INCRA. Ela desabafa: "Temos que mudar essa realidade! Chega desse tipo de destrato com os direitos dos povos quilombolas!"
Em seguida, João Jorge Rodrigues, que é o atual presidente da Fundação Palmares, destacou que o dever da Fundação é apoiar a luta negra do país e que os meios e articulações "façam nossa gente prosperar." Ainda com sentimentos mais profundos, Anielle Franco, ministra da iguldade racial do Brasil, falou da emoção de estar no Aquilombar, da importância da unificação da luta e da garantia de direitos e liberdade do povo negro. "A minha luta vem de luto. A gente não estaria aqui se não se valesse a pena. A gente acredita em país melhor e o projeto de país melhor que eu acredito são todos os Quilombos titulados, todas as terras livres". e finaliza com a frase de Audre Lorde, que diz: "Eu não serei livre enquanto todos nós não formos livres."
Quilombo é ancestralidade, cultura e resistência. Esta foi a energia que pulsava durante todo o evento que, para além dos debates e pautas, o Aquilomnar fica eternizado na memória do público com a potência da cultura afro-brasileira, que está presente no sangue quilombola. A cada batida do tambor, um movimento de dança e o som que sai da gargante é um marco de ancestralidade, resitência, unificação e celebração.
Como destaque na tradição quilombola, está também a grandiosidade da produção de alimentos, remédios e artesanatos e que, nesta edição do evento, contou com a presença de uma feira que proporcionou a diversidade de produtos e geração de renda para as comunidades.
Imagens das apresentações culturais e feiras no Aquilombar. (Fotos: Valdir Dias - Comunicação do CAA-NM e DGM Brasil)
Como ato, um dos momentos mais esperado da programação, foi realizada uma marcha rumo ao Congresso Nacioanal, com bandeiras, cartazes, cantorias e carro de som, para reivindicar direitos, tendo como principal, a garantia e demarcações de territórios quilombolas, mas também, a luta justiça e combate à violência, racismo, inclusão social e acesso a saúde e educação.
Marcha rumo ao Congresso Nacional pela reivindicação de direitos dos Quilombolas. (Fotos: Valdir Dias - Comunicação do CAA-NM e DGM Brasil)
Dentre os apoios para que acontecesse o evento, o Projeto DGM Brasil, que está na segunda fase e atua no Cerrado brasileiro e apoia redes, articulações e iniciativas de projetos de comunidades quilombolas, esteve presente no Aquilombar para somar, fortalecer e reafirmar a potencialidade desses encontros, principalmente, da unificação dos povos pela reivindicação dos direitos, pois, a preservação dos territórios e modos de vidas tradicionais são essenciais e necessários para à conservação das águas, ecossistemas, dos biomas e toda sociobiodiversidade.
Jhony Martins, que é membro da CONAQ e um dos membros do Comitê Gestor Nacional (CGN) do DGM Brasil fase II, destaca a importância do DGM, pois "é um dos projetos nacionais que eu conheço que foi construído através de uma participação efetiva dos povos". Ainda ressalta a importância de, mesmo tendo como principal foco à preservação do Cerrado e os saberes e modos de vidas das comunidades, ele apoia redes, como a CONAQ e, que por meio dessas redes, possibilitam uma abrangência nos demais biomas, o que fortalece cada ainda mais. "É importante termos em mente que precisamos proteger todos os biomas brasileiros, todos eles são importantes para a manutenção da vida no planeta."
Para acompanhar mais detalhes do Aquilombar, as belezas e riquezas culturais, marcha e importantes relatos dos participantes, assistam ao minidocumentário produzido pelo DGM Brasil, junto ao Centro de Agricultura Alternativa do Norte de Minas (CAA-NM), que é a Agência Executora Nacioanl do projeto. Assistam!
Viva a cultura e o Povo Quilombola! Que a ancestralidade e memória caminhem juntos para a resistência dos povos e que a unificação das lutas levem à prosperidade, à justiça, igualdade social e a maior conquista desejada, que é a demarcação dos territórios.