Publicado em Oct. 23, 2018, 11:17 a.m.
Na Aldeia Pé de Coco, Terra Indígena Krahô (TO), a Festa do Milho ou Põõhypre é uma forma tradicional de distribuição de milhos coloridos crioulos, quase inexistentes nestes tempos das grandes corporações de agrotóxicos, sementes geneticamente modificadas e monocultura. A celebração pode demorar anos e até mesmo décadas para ser realizada. Neste ano de 2018, os indígenas Krahô contaram com o apoio do DGM Brasil para a realização da Festa do Milho, entre os dias 18 e 22 de junho, na Aldeia Pé de Coco, junto aos parentes das aldeias vizinhas: Cachoeira, Taipoca, Kênpôjcre, Santa Cruz, Rio Vermelho e Manoel Alves.
A atividade se insere no subprojeto Me hi te: Tradição que Sustenta o Cerrado, aprovado junto à Associação Culta Kor no 1º edital do DGM Brasil. Segundo o coordenador da iniciativa, Felipe Kometani, “as últimas edições foram realizadas em 2012 e 2014, antes disso, há mais de uma década atrás”.
A celebração também inclui cerimônias musicais, corridas de toras, pinturas corporais, caminhadas às roças coletivas para a colheita de alimentos como o milho, a banana, o arroz e a macaxeira, o preparo de comidas tradicionais como o Paparuto, além de danças coletivas.
“Deu certo para os jovens, para outros parentes que vieram participar do movimento, levando a semente diferente que falta nas aldeias. A gente pegou a semente e foi dando para cada aldeia que veio participar da festa. A comunidade está satisfeita, quer que a gente continue esse movimento do projeto”, avalia Sidiney Pôhypej Krahô, da Associação Culta Kor.
O vídeo abaixo reúne trechos filmados por Fabiano Kruwakraj e Divino Jawiw, Krahôs da Aldeia Pé de Coco (TO). O material está sendo editado por Felipe Kometani e será transformado em documentário.
✊🏽 Viva as sociedades que defendem nossas florestas com sua vida e com seu modo de existir. Indígenas, Quilombolas e Comunidades Tradicionais que defendem nosso mundo físico e espiritual!
Tradição que sustenta o Cerrado
O subprojeto Me hi te: Tradição que Sustenta o Cerrado pretende contribuir com o fortalecimento da cultura, da saúde, da soberania alimentar e da autoestima do povo Krahô, por meio da valorização da biodiversidade e dos saberes tradicionais associados ao Cerrado. “Nossa comunidade da aldeia está trabalhando para a recuperação da cultura, pois não queremos que essa seja esquecida, a gente quer voltar com nossa cultura que está se perdendo”, declara Sidiney. “Então o projeto do DGM Brasil, que é o primeiro da Associação Culta Kor, está contribuindo nesse sentido de continuação, por isso a comunidade está muito satisfeita com as atividades que têm sido realizadas”, acrescenta.
A iniciativa prevê como principais ações: enriquecimento de quintais com frutíferas nativas e produção de polpas para consumo comunitário; incentivo à roça tradicional e aos rituais associados; experiência de horta com plantas medicinais do Cerrado e troca de saberes entre pajés Krahô e raizeiros; registro audiovisual dos saberes dos velhos anciãos; produção de material didático para a escola.