Publicado em March 9, 2017, 5:27 p.m.
Nesta quarta-feira (8), representantes da Mobilização de Povos Indígenas do Cerrado - MOPIC se reuniram com o secretário executivo do Ministério do Meio Ambiente, Marcelo Cruz. A reunião debateu a possibilidade de apoio institucional do governo a projetos indígenas de combate à degradação ambiental do Cerrado brasileiro.
Uma das propostas da MOPIC é unificar os diversos projetos que vem sendo executados nos territórios tradicionais, criando uma ação fortalecida de proteção ambiental. Aproveitando a reunião do Comitê Gestor Nacional do DGM/FIP/Brasil, que se encontra em Brasília para planejamento das atividades do projeto, membros do Comitê que também integram a MOPIC participaram da reunião com o MMA. O diálogo foi facilitado por Ari Braga, representante do Comitê Interministerial do FIP dentro do Comitê Gestor Nacional do DGM/FIP/Brasil, demonstrando a capacidade do CGN, composto por Povos do Cerrado e representantes do governo, em potencializar acordos entre populações tradicionais e o poder público.
Durante a reunião com o MMA, lideranças indígenas da MOPIC apresentaram o histórico de atuação do movimento. "A MOPIC foi criada em 2006 a partir da necessidade de chamar atenção para o Cerrado, que foi ficando esquecido", explicou Januário Tseredzaro Ruri-õ, do Povo Indígena Xavante. "Estamos trabalhando em conjunto com o DGM e vemos que o projeto dá oportunidade para potencializar nossas ações".
Srewe da Mata Brito, liderança indígena Xerente e coordenador da MOPIC, frisou a dificuldade de acesso a linhas de apoio para o Cerrado: "em toda nossa luta, sempre tivemos dificuldade de apoio. Hoje, temos este apoio do DGM Brasil. Mas queremos ampliar e fortalecer nossas ações". Para ele, trabalhos de fiscalização territorial conduzidos pelo governo se mostram insuficientes para solucionar os problemas vividos pelos indígenas. "Muitas terras indígenas estão sendo exploradas e quem enfrenta isso cotidianamente somos nós. Estamos aqui para debater com o Ministério como agir frente a esta questão, para fortalecer mais ainda nossas atuações nos projetos que estamos desenvolvendo". Srewe salientou, ainda, o importante trabalho de proteção ambiental desempenhado por Povos e Comunidades Tradicionais em seus territórios. Em estudo publicado em outubro de 2016, o World Resources Institute concluiu que a demarcação de territórios indígenas no Brasil contribui, inclusive, para a meta climática, e evitaria a liberação 31,76 milhões de toneladas de CO² por ano.
Em documento entregue ao Ministério do Meio Ambiente, a MOPIC propõe ações de monitoramento de terras indígenas do Cerrado, além de apoio para capacitação da Política Nacional de Gestão Ambiental Territorial Indígena - PNGATI. Marcelo Cruz, secretário executivo do MMA, assumiu como encaminhamento da reunião o levantamento de apoio dentro do Ministério para atender as demandas apresentadas. "O MMA tem interesse não só na questão indígena, mas também na preservação do bioma. A questão do Cerrado é historicamente importante", sustentou Marcelo.