Publicado em May 6, 2019, 5:06 p.m.
O maior encontro indígena do país, que aconteceu entre os dias 24 a 26 do último mês e levou mais de 4 mil lideranças de povos e organizações indígenas de todas as regiões do Brasil em Brasília/ DF. O 15° Acampamento Terra Livre foi marcado pela resistência dos povos originários.
Representantes de 305 povos participaram do ATL 2019, que começou na Esplanada dos Ministérios, mas após pressão da Polícia Militar do Distrito Federal, foram forçados a deixar o local e se dirigir à Praça dos Ipês, ao lado do Teatro Nacional.
Durante a coletiva de imprensa que lançou a mobilização, a coordenadora-executiva da ARPIB (Articulação dos Povos Indígenas do Brasil), Sônia Guajajara, declarou que mesmo no atual contexto crítico, os povos originários não vão se render.
“Não vamos recuar às ameaças de governo autoritário algum. Estamos aqui falando em nome de todos os povos que são contra as injustiças, dos povos que estão tendo suas terras invadidas pela mineração, pelas hidrelétricas, pelas industrias madeireiras. Estamos aqui para mostrar que os povos originários estão de pé”.
A mobilização exige que a Fundação Nacional do Índio (Funai) volte a ser subordinada ao Ministério da Justiça e que também volte a ter as atribuições de demarcar essas áreas e opinar sobre o licenciamento ambiental de projetos que afetem essas populações. Durante a coletiva, Sônia ainda criticou o governo Bolsonaro e seus eleitores.
“Lamento por quem se deixa enganar pela promessa de explorar os territórios. O bem viver só acontece se tivermos demarcação. Temos 5 séculos de experiência em resistência e vamos continuar resistindo. Queremos o direito de continuar sendo o que somos, com identidade preservada”, afirmou Sônia.
A professora e ativista indígena do povo Xakriabá em Minas Gerais, Célia Xakriabá falou da importância do encontro.
“ O acampamento terra livre sempre foi a maior assembleia dos povos indígenas, um momento de encontro e reencontro, mas nesse atual momento da atual conjuntura desconjuntada é um momento significativo e histórico. A presença dos povos indígenas aqui, vai fazer frente em um momento decisivo e grave que nós estamos vivendo”
Manifestações
No decorrer dos três dias de acampamentos, as manifestações por parte dos povos originários se deram de diversas formas. A música e as danças tradicionais deram o tom das marchas, vigilâncias e manifestos. Em um ato simbólico de ocupação do espaço público, indígenas ocuparam o espelho d'água do Palácio da Justiça.
Esse ano o evento trouxe também o feminismo para a discursão dos movimentos indígenas. Mulheres de todas as regiões do país, puderam levantar suas críticas e reivindicações acerca do que é ser uma mulher indígena, através de rodas de conversa e plenária. A coordenadora do DGM Brasil, Lucely Morais Pio, mulher negra e quilombola, se sensibilizou pelas falas que ouviu durante os debates.
“Pra mim foi um prazer participar desse momento. É a segunda vez que venho na ATL e fiquei muito contente em ver que esse ano as mulheres tiveram um espaço para discutir os seus desafios como mulher. Então pra mim, foi um dos ATL’s mais importantes, porque a mulher teve voz. ”
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