Publicado em April 19, 2019, 2:17 p.m.
O Cerrado, segundo maior bioma brasileiro, considerado o berço das águas da América Latina, abriga oito das doze regiões hidrográficas brasileiras e abastece seis das oito grandes bacias hidrográficas do país: Amazônica, Araguaia/Tocantins, Atlântico Norte/Nordeste, São Francisco, Atlântico Leste e Paraná/Paraguai, além de ser morada de diversos povos e etnias.
Originalmente com seus 2 milhões de quilômetros quadrados, o Cerrado corresponde a 24% do território nacional, compreendendo os estados de Minas Gerais, Goiás, Tocantins, Bahia, Maranhão, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Piauí, São Paulo, Paraná, Rondônia, além do Distrito Federal.
Assim, o Cerrado é a principal paisagem de mais de 1.300 municípios onde vivem cerca de 25 milhões de pessoas, sendo cerca de 100.000 a 110.000 indígenas que se encontram em 109 Terras Indígenas, correspondentes a uma área de 8.876.227 hectares, ou cerca de 4,35% da área nuclear do bioma, mas é preciso lembrar que esse número já foi bem maior.
Os povos indígenas dessa área do cerrado possuem características próprias, culturas e tradições que sustentam o seu modo de vida e significativas áreas que hoje estão preservadas encontram-se em territórios sob domínio desses povos e suas comunidades.
Nos últimos anos esses territórios e os modos de vida tradicionais dos indígenas vêm sofrendo graves ameaças, sobretudo do avanço do agronegócio no entorno das terras indígenas para plantação de monocultivos, a pressão externa sobre grandes projetos de infraestrutura, entre outros fatores. “Todos esses fatores se apresentam de forma ainda mais aguda se comparado à floresta amazônica, sobretudo em razão desta porção do território brasileiro ser, sem dúvida, a mais pressionada pelo avanço do agronegócio”, conta o antropólogo Aderval Costa Filho, consultor sobre povos e comunidades tradicionais do DGM Brasil.
“Embora o Cerrado detenha 5% de toda a biodiversidade mundial, 48% de sua cobertura nativa já foi convertida, nas últimas cinco décadas, em campos de soja, cana de açúcar ou pasto. Esse quadro se projeta sobre as Terras Indígenas, muitas das quais já com severos processos de degradação de seus recursos hídricos, contaminação por pesticidas, desmatamento ou substituição da cobertura nativa por espécies exóticas invasoras (utilizadas como pasto), incêndios florestais e erosão do solo”, acrescenta.
Hoje, 19 de abril, é um dia emblemático na luta dos povos indígenas, que lutam diariamente por direitos, que existem e resistem há milênios e que ainda sofrem com adversidades, fica a importância da valorização e preservação da cultura e dos costumes indígenas como um exercício de cidadania.
Wagner Katamy Krahô Kanela habitante da Terra Indígena Mata Alagada, que fica a 300 km de Palmas, capital do Tocantins, conta que nessa semana, considerada a semana dos povos indígenas no brasil está sendo realizada diversas atividades em sua aldeia, além de dar destaque aos direitos do seu povo. “Nós acreditamos que os indígenas devem viver em seus territórios com respeito, porque pra nós a terra é fonte de vida, sustento e educação escolar. A constituição federal de 1988 assegura a nós, povos indígenas que é dever da união demarcar e proteger as terras indígenas, mas atualmente isso nos é ameaçado através de desmontes. Mas nós temos direito de viver como somos, com nossas línguas e formas de viver tradicionais garantidos em nosso território”, enfatiza.