Publicado em 22 de Fevereiro de 2018 às 11:32
A comunidade quilombola Lagoa Grande, no município de Jenipapo de Minas (MG), resiste dentro do território em que seus ancestrais foram escravizados há mais de dois séculos, e mesmo diante de todas as adversidades que enfrentaram por serem remanescentes de negros escravizados, permaneceram na luta incansável por sobrevivência. Estão prestes a conquistar a titulação do território como quilombola – terra de direito, processo que resultou e ainda depende de muita batalha. Não bastasse a luta pela terra, a luta por água é a principal pauta da comunidade.
Desde os anos 1980, com a intensificação da monocultura do eucalipto, as nascentes têm secado, deixando comunidades inteiras sem acesso a água. A vegetação do bioma Cerrado, essencial para manter as águas no lençol freático, foi substituída, em grande parte, por florestas exóticas. E o pior: foram perfurados vários poços artesianos nas chapadas, o que causou um grande impacto nas nascentes, que secaram de imediato.
Em suma, o desmatamento, o monocultivo e a criação extensiva de gado vêm destruindo de forma assombrosa as nascentes de água, antes tão comuns na região. O território é banhado pelo córrego São Miguel, que é perene e já teve pequenos afluentes, no entanto, nos últimos anos, pelas agressões a sua nascente e os longos períodos de seca, diminuiu visivelmente o volume e seca em alguns pontos do seu leito.
Portanto, a realização do projeto Cerrado: fonte de vida das nascentes do território quilombola de Lagoa Grande, conduzido pela Associação Estadual dos Pequenos Agricultores e Agricultoras Familiares de Minas Gerais (AEPAF/MG), criará condições de permanência das famílias no território, pois essas têm consciência de que é urgente a criação de alternativas para a manutenção das nascentes que ainda restam dentro do território e recuperação das que já secaram.
Resultados esperados: Envolvimento e formação das famílias (gerações e gênero) nas questões ligadas à preservação e proteção das nascentes; Cercamento e recuperação de sete nascentes a fim de garantir a diversidade do Cerrado e permanência das famílias no território; Divulgação dos resultados do projeto; Apoio e assessoramento do projeto ao longo de sua execução.
Recurso e duração do projeto: O projeto tem recurso de R$ 195.000,00 e duração de 24 meses.
Janela: Gestão de Recursos Naturais