Publicado em 19 de Fevereiro de 2018 às 17:49
Na Terra Indígena Bakairi, no município de Paranatinga (MT), o principal problema é o uso desordenado dos recursos naturais e o desmatamento do território, principalmente nas cabeceiras dos rios que cortam a área. Isso se deu devido à força exercida pelos empreendimentos agropecuários (produção de grãos e gado de corte) e a existência de um frigorífico de grande porte no município de Paranatinga, que juntos impõem grande pressão às áreas do entorno da Terra Indígena. Já estão, inclusive, utilizando áreas na Terra Bakairi para o arrendamento de pastagem, aumentando o desmatamento e a degradação das áreas próximas aos buritizais e, consequentemente, das nascentes dos rios.
Soma-se a essa questão a falta de um plano de exploração sustentável desses recursos pela comunidade Bakairi, o que colocou em risco a vida dos buritizais e as nascentes dos rios. As casas do povo Bakairi são feitas ou cobertas pelas palhas do buriti e, devido ao aumento populacional, a procura por esse material acabou por gerar transformações bastante significativas. Hoje, não há mais condições de realizar o extrativismo dos buritis, comprometendo não apenas a vida cultural do povo, como também a qualidade de vida da população, uma vez que os buritis protegem um grande número de nascentes e rios de abrangência regional, como é o caso do rio Pakuenra, que é conhecido pelos não índios como rio Teles Pires.
Dessa maneira, a Coordenação Indígena Tapaguia aprovou um projeto no primeiro edital do DGM Brasil que visa buscar, junto à comunidade Bakairi, uma opção para a continuidade de suas atividades culturais e sociais, com base nos conceitos de uso sustentável dos recursos naturais, maior participação da comunidade na aquisição de conhecimentos e capacitação sobre gestão ambiental e administrativa financeira. A iniciativa ainda trará a possibilidade de recuperação de áreas degradadas, enriquecimento das matas com plantio de árvores nativas e frutíferas, melhoria na qualidade do ar, da água, das plantas e da história do povo.
Isso será feito por meio da construção de um viveiro de mudas na Aldeia Cabeceira do Azul e da coleta de sementes, plantio de mudas e construção de cercas para preservação dos buritizais nas Aldeias Cabeceira do Azul, Pakuenra, Paikum e Kuiakware. Pretende-se, ao longo dos dois anos do projeto, plantar cinco mil mudas de buritis e outras espécies nativas do Cerrado, recuperando e reflorestando uma área estimada em 100 hectares e construir 10 km de cercas. Assim, a ideia é recuperar os buritizais e as matas ciliares das nascentes dos rios do território, isolando-as para evitar o pisoteio de gado, e promover a melhoria na qualidade de vida do povo, garantindo a preservação da cultura e da história do povo Bakairi.
Resultados: Realização de capacitações para fortalecimento institucional; Reflorestamento e cercamento de áreas degradadas; Produção de mudas para o plantio; Realização de gestão e monitoramento do projeto; Divulgação do projeto; Realização de encontro de Mulheres Indígenas Bakairi para discussão da gestão ambiental e territorial do povo Bakairi.
Recurso e duração do projeto: O recurso total destinado ao projeto é R$ 139.500,00 e o projeto tem duração de 24 meses.
Janela: Gestão de Recursos Naturais