Publicado em 12 de Maio de 2016 às 17:59
Nesta quarta-feira (11), representantes da iniciativa FIP/DGM em Moçambique visitaram a localidade da Agência Executora Nacional do DGM Brasil, o Centro de Agricultura Alternativa do Norte de Minas, em Montes Claros, Minas Gerais. A visita fez parte do intercâmbio de Cooperação Sul-Sul entre Moçambique e Brasil, que visa contribuir para a preparação do projeto no país africano, selecionado como país-piloto do Programa de Investimento Florestal (FIP) e Mecanismo de doação dedicado a povos indígenas e comunidades tradicionais (DGM).
O processo para elaboração do DGM Moçambique teve início em 2015, com três consultas públicas envolvendo comunidades, governantes e organizações. O desenho do projeto moçambicano pretende abranger as regiões de Zambézia e Cabo Delegado, onde já são desenvolvidas iniciativas de estratégia REDD+.
Durante o encontro, os participantes visitaram a Cooperativa dos Agricultores Familiares e Agroextrativistas Grande Sertão, que contra com mais de 180 cooperados entre a região norte de Minas. Na sede da cooperativa, em Montes Claros, foram apresentadas e debatidas formas de organização e produção agroecológica e políticas públicas brasileiras de fomento à agricultura familiar.
Após esta visita, o intercâmbio de conhecimentos seguiu para Mirabela, Minas Gerais, onde foi apresentada a unidade de beneficiamento de coco macaúba da Cooperativa dos Agricultores Familiares e Agroextrativistas Ambiental do Vale do Riachão. Lá, os participantes puderam conhecer todas as etapas de processamento do coco, experiência que, segundo Álvaro Carrara, coordenador do DGM Brasil, “dialoga com o projeto, ao tratar do uso sustentável de recursos naturais, geração de renda para famílias e preservação ambiental”.
Daniel Maula, diretor nacional do Grupo de Trabalho do DGM de Zambézia, apontou que o intercâmbio permitiu esclarecer formas de fortalecimento de iniciativas de organização de comunidades locais: “Esta visita ao Brasil é uma aprendizagem sobre a gestão sustentável dos recursos naturais, como vimos no coco macaúba, que se transforma em renda para as famílias. Temos que começar a avançar em cooperativas, integrando a gestão que as comunidades já fazem. O que vamos procurar trabalhar no âmbito do DGM é como levar as comunidades a se dedicarem a estas experiências, e a terem renda para auto sustento e conservação do meio ambiente”.
Sonia Nordez, oficial de salvaguardas socioambientais para o projeto REDD+ Moçambique, viu o intercâmbio como uma possibilidade de aprendizados para o desenho do projeto no país africano. “Podemos ver como as coisas aconteceram no Brasil, qual é o desafio maior. E o que levamos daqui para lá é, sim, envolver as comunidades ao máximo, porque são elas que vão implementar [o projeto] e precisam se sentir donas deste processo”. Segundo ela, a experiência brasileira salientou a importância das consultas públicas para a formação de um projeto próximo às comunidades, partindo de suas realidades locais. “É preciso aproveitar as oportunidades que já existem no local, aproveitar as iniciativas e desafios que as comunidades já vivem. O DGM contribui neste fomento, nesta oportunidade de engrandecer o que já existe. Aqui no Brasil tem macaúba. Em Moçambique não é macaúba, mas talvez é algo que provavelmente ainda nem conhecemos, mas que pode ser uma pequena iniciativa com bom potencial”.
O dia de visitas encerrou-se com uma celebração cultural no Solar dos Sertões, sede do Centro de Agricultura Alternativa do Norte de Minas (CAA/NM), onde participantes provaram da culinária e música regionais.