Publicado em 16 de Março de 2017 às 10:13
Seguindo agenda política de diálogos institucionais junto ao poder público, a MOPIC - Mobilização de Povos Indígenas do Cerrado esteve reunida nesta sexta feira (10) com o diretor de Promoção ao Desenvolvimento Sustentável da Funai, Franklimberg de Freitas, na sede da Fundação Nacional do Índio em Brasília-DF.
A reunião teve início com a denúncia dos impactos sofridos pelos povos indígenas devido à construção de grandes empreendimentos que agridem seus territórios, afetando recursos naturais essenciais aos modos de vida tradicionais. “A pressão do Agronegócio e outros empreendimentos está fortalecendo e esquecendo os primeiros habitantes do Brasil”, sustentou Félix Xavante. "Nós vivemos com o Cerrado. Resistimos. Estamos aqui na reunião do DGM Brasil, um projeto que é uma conquista que fizemos para os Povos do Cerrado. Estamos aqui para defender nosso interesse para que a futura geração possa viver com harmonia".
A reunião expôs a preocupação dos Povos Indígenas com a crescente degradação do Cerrado brasileiro. Em documento entregue ao representante da Funai, a MOPIC propôs medidas de proteção ambiental e territorial, como o apoio à Política Nacional de Gestão Ambiental e Territorial de Terras Indígenas (PNGATI) e a criação do Programa de Monitoramento Territorial de Terras Indígenas do Cerrado, prevendo a formação de Agentes Voluntários Ambientais Indígenas (Avai).
"Estamos num momento muito importante que é a campanha da CNBB sobre biomas", lembrou Anália Tuxá, liderança indígena Tuxá e integrante do Comitê Gestor DGM/FIP/Brasil, em referência à Campanha da Fraternidade 2017: biomas brasileiros e a defesa da vida, lançada pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil. "E fazemos parte do Comitê Gestor do DGM, com a preocupação de trabalhar com as populações tradicionais visando a sustentabilidade do Cerrado". Anália fez menção ao DGM/FIP/Brasil com o intuito de reforçar a demanda de apoio às ações já desenvolvidas pelas populações tradicionais, "se mobilizando junto com o DGM para que esse trabalho seja uma referência no Brasil".
O diretor de Promoção ao Desenvolvimento Sustentável da Funai, Franklimberg de Freitas, prometeu o acompanhamento de casos de violação de direitos e garantiu que as propostas apresentadas serão levadas ao conhecimento da presidência da Fundação: "vamos continuar trabalhando como instituição para a defesa dos direitos dos povos indígenas". Srewe Brito, liderança do Povo Indígena Xerente e integrante do Comitê Gestor DGM/FIP/Brasil, reforçou o papel dos Povos Indígenas na proteção dos biomas brasileiros: “Nós, indígenas, prestamos relevantes serviços ambientais à humanidade, mas recebemos pouco por isso. Queremos dialogar e participar dos benefícios que nosso país oferece e que cuidamos com tanto carinho. Com a força do Grande Espírito, nós vamos ganhar”.