Publicado em 19 de Abril de 2024 às 15:19
Hoje, 19 de abril, Dia dos Povos Indígenas é momento de reflexão e luta pelos direitos dos povos originários. E para o Povo Tuxá, do Norte de Minas, hoje é dia de celebração pela conquista do seu território. Uma terra de luta e resistência! Terra sagrada, de cultura e encantos.
Como nos lembra Célia Xakriabá:
“É dia dos povos indígenas, das mulheres biomas, do povo dono dessa terra. Dia de contar a história que tentam apagar e ecoar nosso canto ancestral. Dia de compromisso com a vida, dia de compromisso com a luta, dia de compromisso com o futuro do planeta. O Brasil começa por nós povos indígenas."
E Leninha, Deputada estadual complementa:
“Dia de celebrar a resistência, a força e a coragem dos povos originários do Brasil. Dia de rememorar e nos colocar lado a lado na luta pela vida, pela natureza, pela terra e território, pela demarcação das Terras Indígenas e contra o Marco Temporal.”
Após mais de 70 anos, vivendo desaldeado, o povo Tuxá da Aldeia Setsor Bragagá, conquistou, de forma definitiva, o território que é fundamental para sua reprodução social, econômica e cultural. Como uma das principais lideranças do território, Anália Tuxá que é Cacique da Aldeia Setsor Bragagá e membra do Comitê Gestor Nacional (CGN) do Projeto DGM Brasil, celebra a conquista. Ela que vem participando de diversos espaços levando e fortalecendo a visibilidade a história e luta do seu povo, expressa o significado desta conquista:
“E hoje esse Território aqui para nós é importante porque é um território, que ele já havia sido há muito tempo, ainda quando nosso pai ainda era vivo, ele ainda pescando por aqui, ele sempre dizia, e lá onde tá os nossos encantos, eles estão aqui, ele soltou os encantos, e os encantos estão neste território, vocês podem perceber que é um território, que quando você chega, você vê a diferença, percebe a diferença, a importância que esta terra tem para nós.”
Assistam ao documentário e conheçam a história do Povo Tuxá:
Em 20 de novembro de 2015, lideranças do Povo Indígena Tuxá que, desde 1950, vivia desaldeado na cidade de Pirapora/MG, com o apoio da Articulação Rosalino, Movimento Geraizeiro e Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Buritizeiro, ocuparam a Fazenda Santo Antônio, de propriedade do Estado de Minas Gerais, localizada no município de Buritizeiro/MG, às margens do Rio Paracatu. Graças ao apoio do Centro de Agricultura Alternativa do Norte de Minas – CAA/NM, CIMI – Conselho Indigenista Missionário, Articulação Rosalino, Mandatos da Deputada Estadual Leninha e da Deputada Federal Célia Xakriabá, e, sobretudo, à decisiva intermediação do Ministério Público Federal, na pessoa do Procurador da República Dr. Edmundo Antônio Dias, em maio de 2023, o Estado de Minas Gerais e a FUNAI celebraram um Termo de Cessão Gratuita de Uso da Fazenda Santo Antônio, para ser “utilizada para ocupação pela Comunidade indígena Tuxá da Aldeia Setsor Bragagá, garantindo-lhe as riquezas naturais ali existentes, conforme usos, costumes e tradições, para assegurar a sua reprodução física e cultural.
Em recente data de 11 de abril, concidentemente na semana dos Povos Indígenas, o Juiz Federal Walisson Gonçalves Cunha, da 3ª Vara Cível e Criminal da Subseção Judiciária de Montes Claros, proferiu decisão extinguindo o processo da ação possessória sem resolução do mérito por entender que com a celebração do Termo de Cessão do Imóvel à FUNAI para constituir o território do Povo Tuxá da Aldeia Setsor Bragagá, houve perda do objeto da ação.
A conquista do território do povo Tuxá simboliza uma vitória da cultura, resistência e ancestralidade dos povos originários.
